sexta-feira, 16 de março de 2012

Jovem enfrenta estrada para realizar sonho, mas esbarra em falta de moradia

Apesar de aprovado em peneira do Fluminense, José Cláudio Zaquieu não pode ficar...

RIO
Em meio a dezenas de meninos que participaram da peneira de basquete promovida pelo Fluminense, em 05 de fevereiro nas Laranjeiras, um deles chamou a atenção. Com habilidade notável, José Cláudio Zaquieu, de apenas 15 anos, era nome praticamente certo na lista dos aprovados no teste. Ele só não contava, porém, que esbarraria em uma antiga barreira do esporte olímpico brasileiro: a falta de estrutura e investimentos.

Residente de Cardoso Moreira, uma pequena cidade do noroeste fluminense, o jovem percorreu uma longa viagem de ônibus até a sede tricolor, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Após sair do interior durante a madrugada, ele enfrentou sete horas de viagem. Sem ter onde ficar, José Cláudio aguardou o início do teste no clube, acordado.

- O teste foi bom, mas não estava 100% porque eu estava muito cansado. A viagem da minha cidade para cá foi muito cansativa e não pude descansar quando cheguei, pois não tinha lugar para isso - confessou ele.

Enfrentar desafios, no entanto, não é novidade para José. Quando tinha apenas nove anos, e ainda morava em Macaé, também no noroeste do estado, teve seus pais assassinados. Desde então, passou a morar com a tia. Mas, em momento nenhum, pensou em abandonar seu maior desejo.

- O basquete é meu sonho. Mas pra mim é mais complicado, pois perdi meus pais há seis anos. Conto com o apoio do Fluminense, porque não tenho condição nenhuma de pagar algum lugar pra ficar aqui no Rio - contou ele, que vai até a casa de amigos para poder assistir jogos da NBA.

O problema é que, sem apoio, o Fluminense se viu obrigado a fechar as portas do local batizado de "Casa do Atleta", onde abrigava jovens com potencial para o esporte que vinham de outras cidades e estados. O clube ainda espera solucionar o caso de José Cláudio, mas não alimenta muitas esperanças.

- Talento e potencial ele tem. Tem altura, explosão, velocidade e impulsão. Mas ele veio contando que fosse ter algum lugar para ficar. Se ainda tivéssemos o alojamento, na próxima semana ele já estaria treinando conosco. Quanto talento não é desperdiçado... É uma lástima - desabafou o técnico da equipe juvenil do Fluminense, Márcio Andrade.

Família feliz e preocupada

Quem também enfrentou a estrada rumo às Laranjeiras foi a família Verly. Moradores de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, Evandro e Jacqueline acreditaram no sonho dos seus três filhos e foram recompensados. Tanto João Victor, de 14 anos, quanto Harrison, 12, e João Gabriel, 10, foram aprovados na peneira.

- Sempre quis jogar basquete, sempre foi meu sonho. Agora que eu passei, meu objetivo é treinar cada vez mais e melhorar meu jogo, e tentar esse ano ainda chegar à seleção carioca - disse o mais velho, João Victor.

A aprovação dos dois caçulas, no entanto, acabou pegando Evandro de surpresa. Sem local no Rio para deixar os filhos, ele ainda busca uma solução.

- A gente tem que apoiar sempre. Como pais, nós temos que tentar ao máximo tornar viável o sonho deles. Os outros dois deixaram a gente em uma situação complicada, porque eles também passaram, mas é complicado de arrumar um local para eles ficarem. Agora a gente tem que ver como vai ficar isso aí - contou.( Por Thiago Mendes/AHE!Brasil)

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